Rio

01mar12

Rio

Rio


Hoje é aniversário do Rio, mas eu estou milhas e milhas distante. Nunca liguei pra isso de aniversário da cidade, sempre fui bem crítica a qualquer oba-oba enquanto tanto problema ainda precisa ser resolvido e, a bem da verdade, nunca fui uma carioca da gema no sentido estereotipado da coisa. Mas hoje, primeiro de março de 2012, eu estou em outro país, um país frio e cinza, no inverno do hemisfério norte. Hoje eu tive saudade do Rio. E, a bem da verdade, devo dizer que sou muito mais carioca do me supunha.
Eu gosto de sentar na calçada do bar, tomar um chopp gelado e chamar o garçom pelo nome. Eu gosto de usar pouca roupa: poupa tempo, dinheiro e mostra a pele, que é o que importa nessa vida. Ainda não sinto falta do calorão, mas 30 graus nas areias de Ipanema durante o dia ou 28 graus na calçada da Praça São Salvador à noite são as minhas CNTP. Eu sinto saudade do caos (quase) controlado do camelódromo da Uruguaiana, todo mundo gritando ao mesmo tempo, música evangélica, música católica, funk, samba e hip hop nos alto-falantes, churrasquinho de gato e raquete-mata-mosquito. Da praça Saens Peña e do chafariz que respinga água em todos e todas as muitas mulheres cansadas de guerra que passam por ali. (Acho que as mulheres tijucanas sempre têm um ar matriarcal e meio cansado, de gente que rala, mas tá ali com orgulho de fazer a própria vida andar pra frente.) Eu gosto do subúrbio amontoado de concreto, pipas e fios nos postes. Me vejo muito carioca quando falo para alguém: “vamos marcar de se encontrar de novo, eu te ligo”, e nunca pego o telefone. Ou quando cumprimento alguém com dois beijinhos e fico no vácuo pro segundo beijo. Pois é, eu “fico no vácuo”. Quando eu vou de Havaianas no mercado da esquina mesmo fazendo só uns 8 graus de temperatura. Quando no meu primeiro carnaval fora do Brasil, vendo as fotos dos amigos na internet, eu, pela primeira vez, duvidei da possibilidade de morar fora do Rio para sempre.
Todas as minhas boas e más memórias moram no Rio. Os perrengues que passei, os momentos felizes, tá tudo no Rio. Quase todo mundo que eu amo está no Rio. Se eu fecho os olhos e penso na palavra “casa”, é a Tijuca que aparece pra mim. O que eu sou foi construído ali. E, você sabe, uma garota sai do Rio, mas o Rio não sai dela.
Hoje, nesse país frio e cinza, fez sol. As cores do pôr-do-sol aqui são lindas, mas aqui não tem Ipanema, não tem São Salvador, Lapa, Praça Saens Peña, bloco de carnaval, biscoito Globo, chopp, nem meus amigos. Eu nunca liguei pro aniversário do Rio, sei de todos os problemas da cidade, mas hoje decidi só me lembrar das coisas boas. Estou milhas e milhas distante do meu amor, mas o que me consola é que eu sei que ele tá me esperando.
Feliz aniversário pro Rio e pra todo mundo que faz o Rio fazer sentido.


Hoje

09dez11


1 hora e 43 minutos da madrugada de sexta-feira, dia 09 de dezembro. Nessa mesma hora, na madrugada do dia 10 de dezembro, eu estarei sobrevoando talvez alguma cidade brasileira, talvez alguma parte do oceano Atlântico.
Já tentei escrever tanta coisa a respeito da minha partida, já achei tudo horrível e já deletei tudo. Agora decidi que o que escrever aqui fica.
Quando eu penso que estou deixando família, amigos, uma carreira (não muito promissora, vá lá), a cidade em que sei onde achar o melhor pão do bairro e o pior e mais aguado chopp das redondezas, o país que me ensinou que ter traquejo é útil mas gera mazelas sociais terríveis. Quando eu penso que em muito pouco tempo minha vida mudou tanto. Quando eu penso que tô indo ali casar, viver sem o conforto de tudo que eu conheço, de todos que eu amo por perto e falando outro idioma. Eu penso. E enquanto a ideia de estar ao lado do cara que eu amo me fizer mais feliz do que triste, enquanto o frio na barriga for bom, eu sigo em frente (mas não deixo de olhar pra trás. O futuro é que não pode me amedrontar).
Eu tenho me lembrado com alguma frequência de um trecho do livro “Precisamos falar sobre o Kevin” em que a Eva de Lionel Schriver (já citada aqui no post anterior) compara as viagens que ela fazia ao ataque na escola praticado pelo filho. Todo grande fato é composto de fatos menores. Você traça metas diárias: hoje vou comprar a passagem. Amanhã vou comprar uma mala nova. Hoje vou encher minha mala. Amanhã embarco no avião. Depois de amanhã acordo em outro país.
E, assim, de pequenos fatos se compõe tudo que é grande.
Hoje eu embarco em um avião.


Change

05dez11

E disse Lionel Shriver: “Change is like that: you are no longer where you were; you are not yet where you will get; you are nowhere exactly.”

(ou “Mudança é isso: você não está mais onde estava; você ainda não está aonde chegará; você não está em lugar nenhum exatamente.”)


Visto

13nov11

UK

UK


O processo de obtenção de visto é bem tranquilo. No site tem todas as informações necessárias sobre documentação e prazos. Confesso que fiquei um pouco confusa em alguns momentos porque certas solicitações são muito amplas tipo “comprovações de renda” ou “comprovações de que o relacionamento é verdadeiro e você conhece seu noivo pessoalmente”. Ou seja, obviamente, a gente consegue pensar em documentos para as duas coisas, mas ao mesmo tempo dá uma certa insegurança porque eles não dizem especificamente que, quais ou quantos documentos eles consideram adequado pra isso tudo. Então foi um pouco como um tiro no escuro. Mas deu tudo certo. :-)

Nós ficamos mais ou menos um mês e meio até conseguir levantar toda a documentação que consideramos necessária. Os meus extratos bancários foram as coisas que mais deram problemas. Com os bancários em greve na época e o tempo passando, uma amiga minha que é bancária em Salvador foi quem me salvou e solicitou meus extratos e microfilmagem da conta internamente. Mesmo assim, a microfilmagem só ficou pronta 2 dias antes da data do meu agendamento no World Bridge. O Michael me mandou toda a parte de documentação dele (por uma empresa tipo Fedex mas mais barata porque os Correios também estavam em greve na época), juntei fotos nossas, cartas dos nossos pais, meu resultado do IELTS, e mais vários papéis. No final entreguei uma pasta dessas de papel de carta completa. (Um detalhe chato foi que eles pedem que a tradução dos documentos em português não seja feita pelo solicitante do visto.)

Então o passo a passo foi mais ou menos o seguinte:
– entramos no site para ver quais documentos eram necessários e começamos a providenciá-los.
– preenchemos o formulário online, pagamos a taxa de solicitação do visto (suuuuper cara) e agendamos a data para a minha entrega de documentos. Eles tinham horário disponível para o dia seguinte, mas como eu ainda tinha que esperar pelos documentos do banco, agendei pra quase 2 semanas depois.
– fui ao escritório da World Bridge no dia agendado e eles me atenderam no horário marcado, entreguei os documentos, paguei a taxa de pedido de prioridade na análise, fizeram a parte biométrica (digitais e fotos) e fui liberada. O rapaz que me atendeu não falava muito (acho que é alguma orientação que eles recebem pra evitar que as pessoas achem que eles estão ou podem favorecer alguém na obtenção do visto), mas foi solícito. Eu e Michael optamos por pagar essa taxa de prioridade porque o prazo que eles dão é de 3 meses para o resultado da solicitação e com essa pedido de prioridade, o prazo passa a ser de 15 dias úteis. E como nós queremos nos ver o mais rápido possível e passar o fim de ano juntos, nem pensamos duas vezes antes de fazer esse pagamento. Eles têm também um serviço de SMS e mandam pro seu celular informações a respeito da sua solicitação, além de um código para você rastrear o status da solicitação no site.
– eu entreguei os documentos numa segunda-feira. Teve um feriado na quarta daquela semana e no domingo seguinte, à noite, só por curiosidade, eu entrei no site para rastrear meu pedido. Qual não foi minha surpresa quando vi o status dizendo que meu visto já tinha sido processado e eu já podia ir retirar os documentos na World Bridge! Na segunda, recebi o SMS com a mesma comunicação. Fui lá à tarde, peguei os documentos e o meu passaporte com o visto concedido! \o/

Eu achei que ia demorar mais pra sair o visto e contando com possíveis atrasos, acabei comprando minha passagem pra dezembro. Mas o visto saiu super rápido. Demorou só 3 dias úteis. Se eu soubesse disso… Mas agora já era porque o visto começa a ter vigência na data em que você diz que vai viajar e não pode ser alterado depois. Fico feliz porque o visto foi concedido e porque foi tudo bem rápido. Mas fico chateada porque se eu soubesse poderia viajar antes… Mas tudo bem. Fico aqui agora esperando o tempo passar, enquanto trabalho, conto os dias e tento parar de fumar.


IELTS

31out11
IELTS

IELTS

Como o processo de organização dos documentos para o pedido de visto mais trabalho e freelas vêm me tomando muito tempo, não consegui postar antes sobre a prova. Mas agora vai.

Bom, eu resolvi fazer o IELTS porque ele é o exame que libera os resultados mais rapidamente e eu tinha pressa. Por isso, inclusive, fui para São Paulo fazer a prova. No Rio só teria prova duas semanas depois da data em que eu fiz a prova em São Paulo.

O processo de inscrição é relativamente tranquilo. Digo relativamente porque tive problemas com a inscrição online (mas que foram facilmente resolvidos). O site não reconhecia que eu estava marcando que concordava com os termos de compromisso e ficava me mandando voltar para a tela inicial para fazer isso. Aí liguei pro British Council e eles me mandaram o formulário de inscrição por email. Eu preenchi tudo e escaneei. Eles pedem também que você envie foto 3×4, cópia do passaporte ou outro documento de identificação com foto e o comprovante de pagamento da taxa de inscrição. Ou seja, foi relativamente tranquilo.

A confirmação de inscrição chegou direitinho. Fui pra São Paulo e tudo certo. O speaking test atrasou e só me restaram 20 minutos pra almoçar antes das outras partes do exame. Fui correndo na Casa do Pão de Queijo que tem dentro da FAAP e engoli correndo um tal de um “italiano” (sanduíche de salame tostado) por superfaturados R$8,50 – sem água, claro, porque fiquei com medo de ficar com vontade de fazer xixi durante a prova e ter que perder tempo (que é uma coisa preciosa no IELTS) indo ao banheiro. Agora, vou dizer, tinha muuuuita gente fazendo a prova. A maioria aparentando uma média de 20 anos de idade. Me surpreendi com isso porque, além de a prova ser cara, tem prova mais ou menos a cada duas semanas.

Aí fui lá fazer as outras partes da prova (listening, reading, writing). Consegui regular bem meu tempo para o listening e para o reading (no reading me sobraram quase 10 minutos), mas no writing eu só consegui reler uma das redações – a primeira foi sem reler.

Voltei pro Rio e na quarta passada o certificado chegou bonitinho pelo correio. Eu já sabia o resultado porque tinha visto no site. Mas como eles mandam por carta comum, tava meio com medo de extraviar ou atrasar. Mas veio certinho e dentro do prazo. Ótimo.

Nesse site tem todas as informações sobre a prova:

E aqui é o site oficial do exame:

Aí vão minhas dicas pra quem quer fazer o teste.

Dicas gerais: Estudar. Eu não pude estudar muito porque decidi fazer a prova super em cima da hora e estava trabalhando muito. Mas existem vários sites com muito material sobre as provas, principalmente sites em inglês. Então, com um acessinho ao Google, você acha muito material de estudo. O próprio site do IELTS tem modelos de provas.
Acho importante conhecer a prova e fazer simulados em casa cronometrando o tempo pra se preparar bem, porque se tem uma coisa importante no IELTS é a administração do tempo. O tempo é curto e as provas são longas. Por isso, ingerir muitos líquidos antes da prova é furada. Claro, não vá ficar desidratado, por favor. Beba o que quiser, mas com moderação. Porque ir ao banheiro no meio da prova pode te tirar uns 5 minutos preciosos.
Ler sites, livros, jornais, revistas em inglês é estudo. Ver filmes também. Faça isso.

E as dicas específicas para cada uma das partes do IELTS.

SPEAKING: Fale bastante. Claro, não vá ser mal educado e ficar interrompendo o examinador quando ele ainda estiver fazendo as perguntas. Mas quanto mais você falar melhor. Porque eles querem avaliar, basicamente, vocabulário, gramática e fluência. Se você responder com monossílabos não é possível. A prova dura uns 15 minutos. Na primeira parte, você se apresenta basciamente, tipo onde mora, se trabalha, estuda. Depois te mostram um cartão com um tema e uns tópicos que você tem que abordar dentro desse tema durante dois minutos de fala. Você tem um minuto para se preparar. Eles dão papel e lápis pra você escrever uma estrutura do que quer falar e usar como um guia. Esse um minuto é o um minuto mais rápido da sua vida, enquanto os outros dois são os mais longos, claro. Depois disso, vão te fazer perguntas mais abertas, para uma espécie de debate, onde é esperado que você fale mais do que o examinador. Eu achei bem tranquilo. Acho que o segredo é não ficar nervoso.

WRITING: Para a hora da prova em si, a única dica é não perder tempo pensando na morte da bezerra. Pense numa estrutura pro texto e psicografe. A prova dura apenas uma hora e você precisa fazer duas redações: uma carta e uma dissertação. A carta tem uma estrutura mais ou menos fixa, que vale a pena procurar na internet (para saber melhor as maneiras de começar e se despedir na carta). Preste bastante atenção em erros de ortografia e gramática. E releia, se sobrar tempo. Quando eu reli a minha dissertação, peguei dois erros bobos de ortografia e pude corrigir. Outra coisa: a carta vale menos pontos e precisa de menos palavras, então use menos tempo pra ela. O ideal é usar 20 minutos para a carta e 40 para a dissertação.

LISTENING: Eles tocam o CD apenas uma vez. São 4 seções (4 “textos”). Antes de cada uma há tempo (pouco), para ler as questões e se preparar para ouvir a parte importante. Por exemplo, se você vir que a pergunta se refere ao sobrenome de alguém, preste atenção quando ouvir o primeiro nome dessa pessoa. Depois de cada seção também tem tempo para marcar suas respostas na prova. E ao final de tudo, eles dão 10 minutos (incluídos nesses 40) para você passar as respostas para o cartão de respostas. A dica é não marcar o cartão de respostas durante a prova. Esses 10 minutos são suficientes para passar as respostas pro cartão. Atenção à ortografia das respostas porque erros podem tirar pontos. E atenção também à marcação do cartão de respostas.

READING: Essa pra mim foi a parte mais fácil de todas. A prova dura 1 hora e eu fiz em 50 minutos. A dica aqui é técnica de leitura, identificar o tema do texto logo e também o tópico que cada parágrafo aborda ajuda. Atenção à ortografia das respostas porque isso pode tirar pontos. E atenção também à marcação do cartão de respostas.

Ah, detalhe: eu fiz o General Training, então não sei se isso tudo aqui se aplica ao Academic ou não.


A viagem

A viagem

Esse resumo da ópera (ou da viagem) veio do (acredito que) finado blog http://esperandoos30.blogspot.com/, que fiz com a minha amiga Renata Correa.
(Fica a dica de ler o site dela, que vale muitíssimo a pena.)
Segue o resumo aqui, visto que ainda não consegui começar a escrever sobre o IELTS e ficou faltando um post “pós-viagem” aqui no Diário.
Então, até breve.

“A Viagem

Bom, primeiro, peço desculpas pela ausência no blog. Como não quero fazer esse espaço de muro das lamentações, me resumo ao seguinte: que fase!
Agora que consegui um momento de tempo livre e saúde mental, vamos ao que interessa.
Eu sempre quis viajar pra Europa. Sonho antigo, contaminado pelo curso de espanhol que fiz durante a adolescência e pelos filmes. Via aqueles cenários e tudo sempre pareceu se encaixar muito mais comigo do que o Brasil. Pessoas melancólicas vestindo cachecol, fumando, lendo, bebendo e tendo diálogos profundos. Nada parecido com essa coisa passional, suorenta, de pouca roupa, cerveja de latinha e caixa de fósforo marcando o ritmo do samba que a gente vê no Brasil. Nosso país pagou pelo meu sentimento de inadequação e despertencimento. E, claro, havia também a vontade de conhecer pessoas e lugares novos. Curiosidade.
Acontece que nunca tive dinheiro pra isso, apesar de ter começado a trabalhar aos 19 anos. Sempre optei por trabalhar com algo de que gostasse, o que significou e ainda significa (não necessariamente para todos, mas, sim, no meu caso) má remuneração. Mediadora de exposições científicas, vendedora extra-natal de loja de shopping pra levantar um trocado no fim do ano, assistente de produção, produtora, professora, copidesque e até dona de casa. Nada me pagou o suficiente na vida para que eu pudesse arcar com as minhas despesas diárias e guardar um trocado pra fazer meu mochilão. O tempo ia passando e eu cada vez mais angustiada porque não queria fazer esse tipo de viagem (eu planejava um mochilão de 6 meses) depois dos 30.
Aos quase 27, saí de um emprego e ganhei uma rescisão bacana. Pensei: “é agora.” Mas estava casada, tinha acabado de mudar de casa com o marido e muitas reformas pra fazer, coisas de decoração pra comprar. Nem preciso dizer onde foi parar esse dinheiro. Em poucos meses a casa estava linda, meu bolso vazio e o sonho de viajar para a Europa na gaveta outra vez.
Eis que com o casamento mal das pernas, no início de 2011, eu só pensava que, caceta, ano que vem faço 30 anos e ainda não consegui viajar. Fazendo freelas e sem perspectiva de qualquer dinheiro mais concreto, resolvi pedir ajuda aos universitários. Ou seja, pedi ajuda à senhora minha mãe. Expliquei a situação, minha antiga vontade de viajar, minha necessidade de viajar naquele momento porque não estava com um trabalho fixo e meu casamento já estava enxergando a luz do farol do trem vindo no fim do túnel. Ela concordou! Ueba! Ok, ridículo a pessoa fazer um mochilão aos quase 30 anos bancada pela mãe. Mas ou era isso ou era nada. Engoli o orgulho e fui. (E muito feliz e grata, claro. Manhê, muuuuito obrigada!:-))
Mil ideias de roteiros passaram pela minha cabeça, especialmente os mais econômicos. Cheguei a pensar em fazer um curso de alemão por um mês porque poderia ficar hospedada de graça na casa de uma amiga no interior da Alemanha! Cabeça no lugar, vi que o melhor a fazer, apesar de um pouco mais caro, seria um curso de inglês. Pesquisei na internet, fui em várias agências e optei por fazer um mês de curso em Brighton. Depois, visitaria essa amiga na Alemanha, outra na Espanha e seguiria para encontrar o então marido em Paris e voltaríamos juntos para o Brasil.
Embarquei no dia 26 de março. Minha família e meu então marido se despedindo no aeroporto. E eu com aquele sentimento de insegurança dentro do peito. Entrei no avião, vi uns filmes e chorei um bocado. Estava muito angustiada, me sentindo sozinha e com medo do que essa viagem ia fazer com a minha vida. Talvez ali eu já soubesse que quando eu voltasse pro Brasil tudo teria mudado. Mas, fiquem calmos que não vou fazer desse post um livro. Tampouco um Comer, rezar, amar. Fato é que aquela foi a última vez em que vi o ex. Como você, leitor esperto, já deve imaginar, a distância só piorou a situação do relacionamento e em pouquíssimo tempo eu já tinha me separado e mudado a rota da viagem. Ao invés do cara, minha amiga que mora na Espanha foi comigo para Paris e de lá voltei a Brighton para mais um mês e meio de curso de inglês e de namoro. Sim. Depois que terminei com o ex, acabei conhecendo um inglês maravilhoso por lá e estamos namorando. Agora, a distância, mas em breve ele vem pro Brasil e estaremos juntos novamente. Mal posso esperar.
Mas voltando à viagem, porque acabei contando o fim da história no meio do texto (editores do mundo, uni-vos contra mim!).
Dentro do avião, tive um medo, um sentimento de que a vida não seria mais a mesma quando eu voltasse. Minha vontade era pedir pra descer e voltar pra tudo que eu tinha antes e já era conhecido. Mas isso era só medo. Meus 4 ou 5 primeiros dias, como Renata acompanhou, foram infernais. Essa sensação de despertencimento só se acentuava e nada parecia fazer sentido. Eu não dormia por causa do jetlag (que foi incrementado pelo fato de que antes da viagem eu trocava a noite pelo dia no Rio de Janeiro), minha pele entrou em colapso por causa do ar seco e eu também.
Mas aos poucos consegui me adaptar à família que me hospedou (outro preconceito meu: “Vou ficar hospedada em casa de família com quase 30? Que ridículo!”. Mas, olha, foi a melhor coisa que eu fiz. Adorei minha família e eles me ensinaram muita coisa), àquela cidade de clima estranho (uma hora faz frio, outra hora calor, neblina, chuva, sol tudo no mesmo dia), ao fuso horário, à cultura, às pessoas e o mais importante: me adaptei a mim mesma. Ali, eu era livre pra ser eu. Ninguém ia me olhar com aquela cara de “mas por que você está fazendo isso? Tá doida?” (a não ser que eu andasse pelada pelo Royal Pavilion, claro). E ali eu fui eu. Saí de um relacionamento que estava mal das pernas havia muito tempo mas eu tinha medo de deixar, medo de me ver sozinha. E, opa, ali eu estava mesmo sozinha. Medo de quê, então? Revi amigos queridos que há muito não encontrava, conheci pessoas do mundo todo, lugares diferentes, culturas diferentes, hábitos diferentes. Entre tanta diferença, achei eu. Igualzinha àquela que sempre quis viajar para a Europa, mas que finalmente tinha entendido que o despertencimento, a inadequação, não são culpa da coisa passional, suorenta, de pouca roupa, cerveja de latinha e caixa de fósforo marcando o ritmo do samba que a gente vê no Brasil. E que esses sentimentos tampouco passam quando se está no ambiente dos filmes, vendo pessoas melancólicas vestindo cachecol, fumando, lendo, bebendo e tendo diálogos profundos. Esses sentimentos estão dentro de mim, eu sou responsável por eles, esteja eu às margens do rio Sena ou bebendo uma cerveja na Lapa. Me enxerguei muito mais latina sangue quente e muito menos dona de uma melancolia de diálogos profundos do que eu supunha. Voltei sabendo um pouco de outras culturas e lugares que visitei. Mas voltei sabendo muito mais sobre o meu país e sobre mim. E ainda ganhei de brinde um cara maravilhoso que me ajudou (e ajuda) muito nesse processo todo.
No avião de volta, eu chorava copiosamente. Ao ponto de o rapaz que sentava ao meu lado me perguntar se eu estava com algum problema. Não. Nenhum problema. Ao contrário do voo de ida, em que tudo se resumia a medo, na volta, eu chorava de saudade.

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(Bom, se alguém se interessar por alguns relatos mais específicos da viagem, o blog que mantive até minha volta à Brighton é o http://www.diarioeuropa.wordpress.com E tem fotos no flickr /daniellevidigal.)”

(esse texto foi escrito e publicado em 4 de agosto.)


São Paulo

14out11
São Paulo

São Paulo

Sim, o diário é Europa. Não, eu não faltei às aulas de Geografia no colégio e nem estou louca.
Acontece que minha primeira etapa rumo à Inglaterra envolve comprovar que eu falo inglês. Para isso eu preciso de algum teste oficial e o teste que libera o resultado mais rapidamente é o IELTS.
Se isso me faz não ser uma carioca típica, não me importa: eu adoro São Paulo. Mesmo depois de ter passados por algumas outras grandes cidades no mundo, só em São Paulo eu me sinto verdadeiramente incógnita. Só lá eu vejo o que é uma metrópole, cidade que, ao te roubar os horizontes, te faz olhar pra dentro. São Paulo não te oprime, São Paulo te liberta. Porque ela não tá nem aí pra você.
Cheguei por Campinas (voo da Azul, mais barato, néam?) às 7:30 da manhã de sexta. Um horror, acordei super cedo. Dormi nada. Pelo menos fui adiantando o copidesque que estava fazendo no avião e no ônibus que pegou um singelo engarrafamento de quase 1 hora em São Paulo. Desci no Shopping Eldorado e o taxista que peguei já ouvindo que pedi pra ficar na “Rua Auguxxxta, porrr favorrr”, tentou dar uma de engraçadinho e pegar um caminho maior, mas foi veementemente vetado em dois segundos.
Bom, o hotel era tranquilo, apesar de ser na Augusta. Escolhi ficar lá porque planejava ir andando pra prova e segundo o Google Maps eram menos de 20 minutos de caminhada. Só que como me atrasei de manhã, acabei pegando um táxi que me custou módicos 12 reais (pros padrões paulistanos, isso é pechincha porque táxi lá é mega mais caro que no Rio).
Fui andando até o Center 3 pra almoçar e quase morri de ardência na garganta e nariz naquele meio-dia escaldante. A umidade estava em 25%. Ótimo pro cabelo, péssimo pro resto. Voltei pro hotel e passei o dia todo bebendo água, tentando estudar um pouco e vendo TV porque tava muito mongol de sono.
Pois é. Eu passei a noite de sexta-feira na Augusta e não saí. E o mundo não se acabou.
No dia seguinte, fui para a prova. Na FAAP. Adorei o bairro. Nunca tinha ido lá em todas as vezes que passei por São Paulo. Higienópolis. Prédios antigos, ruas arborizadas. Curti.
E fiquei impressionada com a quantidade de gente que tinha fazendo a prova. Essa prova acontece em várias capitais do país, com uma frequência bem regular e custa caro. Quer dizer, crise naonde? Tá todo mundo migrando freneticamente.
Bom, fiz a prova. Renata e Gabriel me buscaram na FAAP pra me dar uma carona pro Eldorado e almoçar. Eu tentei comer o biscoitinho recheado de chocolate que tinha na minha bolsa, mas a Renata me chamou de velha e aí eu tomei um Ovomaltine do Bob’s.
Peguei o busão pro aeroporto e voltei para casa.
Como por um milagre são 2 da manhã e eu tô morrendo de sono, vou ali aproveitar a oportunidade pra dormir. Amanhã eu volto pra falar especificamente do IELTS e contar minhas impressões sobre o teste em si.


De volta

07out11

Eu voltei

Eu voltei


Voltei e vou começar a atualizar isso aqui de novo. Depois do último post, fiquei ainda um mês mais em Brighton, um fim de semana em Londres e 4 dias em Gotemburgo, na Suécia. Voltei pro Brasil no dia 06/07. Com mais histórias pra contar e sem um pedacinho do coração, que tinha ficado em Brighton, mais especificamente em Hove, na casa do meu namorado.
O tempo passou, mantivemos o relacionamento a distância, ele passou as últimas 5 semanas comigo no Rio e agora nossos planos são morar juntos na Inglaterra. Para isso há toda uma burocracia, comprovações e taxas. Mas assumo que o processo todo tem sido muito menos dolorido do que eu imaginava. É muito burocrático, muito detalhado, mas é tudo bem claro e justificável.
Vou atualizando conforme o processo for andando. E espero que as informações aqui postadas também possam ser úteis a outras pessoas. Até breve!

PS: Peço desculpas a quem deixou comentários aqui e eu não respondi. Como não estava mais postando acabei não vendo os comentários. Espero que todos tenham conseguido resolver suas questões.


Dia 63

30maio11
freira

A freira do Chucky

Acordei, almocei e fui encontrar minha nova família (que é provisória, por apenas uma semana, até minha família anterior voltar de viagem, o que vai acontecer no domingo). A mãe foi me buscar em frente à escola de BMW. Uma matrona clássica italiana, gorda, que fala alto e bate com as mãos no volante do carro enquanto fala (e depois vim a saber, bate com as mãos nas mesas e onde quer que esteja ao alcance dela enquanto ela está falando). Já paguei o mico louco de entrar no carro pelo lado do motorista enquanto ela fechava a mala e ela morreu de rir e fez um mini-cafuné em mim. Já tive uma ligeira amostra do futuro. Fomos conversando no carro (a casa dela é bem mais longe do centro que a da outra família – ou seja, não vejo a hora de voltar pra lá) e ela de cara jácomeçou falando mal dos ingleses.Que não entende estrangeiras, especialmente latinas, que vêm pra cá e namoram ingleses.QUe eles não são apegados à família deles e que não demonstram sentimentos e que assim não pode, assim não dá. Família é a base de tudo. E se você não pode contar com sua família não pode contar com mais ninguém no mundo. Don Corleone mandou lembranças.
A casa é enorme e totalmente cafona. hahaha. Sério. E na carta da escola me diziam que a casa era “decorada soberbamente”. Sério, é muito engraçada a decoração. A casa cheia de bibelôs pelos cantos, fotos de todos da família por todos as paredes (a maioria bem cafona, claro) e as portas têm vidros pintados. O jardim, que é enorme, é cheio de esculturas brancas espalhadas. Bem italiano. E, bom, como vocês podem ver aí em cima, tenho essa bela freirinha para olhar pra minha cara durante a noite, enquanto durmo, de cima do guarda-roupa. A mãe é professora de francês (ela é italiana e o marido também. Mas parte da família dela mora na França e ela passou um tempo lá quando era adolescente), o pai é gerente de um restaurante na orla, a filha mais velha mora em Londres e trabalha no British Museum, o filho mais novo (da minha idade), obviamente e contrariando todas as regras inglesas, mora aqui com os pais e trabalha com alguma coisa de seguros Os filhos falam italiana e francês, além de inglês. Todas essas informações obtidas em 5 minutos de conversa. Extroversão é pouco, o que essa italiana tem ainda não tem nome. Levei uns 3 abraços durante a conversa, fora o cafuné. E ouvi ela berrar o nome do filho umas 27 vezes pra ele descer e tirar o lixo enquanto ela me explicava algumas coisas da casa e nada dele. Até que ele apareceu, falou uma meia dúzia de coisas que eu não entendi. Sério. Ele nasceu aqui e fala inglês normalmente. Mas não consigo entender metade do que ele fala, não sei porquê.
A coisa beeeeem ruim aqui (além da distância e do barulho que eles mesmos fazem) é que não tem wifi. Então tenho que ficar sentada no escritório. Um saco.
Fora isso, tudo bem. Eles são engraçados e gente boa. Cansativos, um pouco. Mas legais. De qualquer maneira, não vejo a hora de voltar pra minha casa antiga. Com Zila, a cã, franceses e ingleses frios e banhos de 5 minutos contados no relógio.
Bom, depois disso, fui numa festa brasileira (me internem, podem me internar, foi um momento de insanidade) num bar. Mas só fui porque a menina (brasileira da escola, de Maceió e 17 aninhos, namorada de um árabe aqui) que me chamou disse que eles vendem coxinha e eu tô seca numa coxinha desde Munich. Cheguei lá e,óbvio,a coxinha já tinha acabado, porque eu cheguei “tarde”, 20:15. Isso é a Inglaterra, senhoras e senhores. Que ódio. Bom, fiquei lá tomando meus bons drink,ouvindo uma bandinha de samba/mpb até legalzinha e fui jantar no libanês da esquina com o Michael. Pra completar a frustração alimentícia, Michael é vegetariano e me fez dividir um prato cheio de coisas vegetarianas uó. Preciso nem dizer que no que saí de lá, passei no árabe da esquina e comprei logo um pacote de presunto cru pra comer, porque mato não sustenta ninguém. Vim pra minha casa nova, longe pra cacete, e é isso.


Dia 62

30maio11

Acordei, fiz mala. Mais uma vez não teve foto. Almoçamos e Bruna e Santiago me levaram no aeroporto para voltar para Brighton. Como sempre, Ryanair escrota, me fez pegar uma fila gigante para pagar excesso de bagagem. Obviamente, tendo visto que a tática de berrar não deu certo anteriormente, dessa vez, como era um cara no guichê do check in, me fiz valer da minha brasilidade nagô, sorri, me fiz de desentendida e consegui pagar um desconto de um terço do preço que teria que pagar a mais no excesso de bagagem (e, a bem da verdade, dessa vez a errada era eu, porque eu sabia que o peso era limitado, não tinha por que gritar). Só que, né? A fila pra pagar era enoooorme e só tinha uma pessoa atendendo e era o mesmo guichê em que eles vendem passagens e remarcam voos, então,quase perdi o raio do voo por causa disso. até que me emputeci e aí,sim comecei a gritar dizendo que nego tava ali escolhendo onde ia passar as férias ano que vem e eu tinha que simplesmente fazer um pagamento e meu voo saía em 20 minutos e eu ainda tinha que passar pelo controle de segurança. Aí uma espanhola de trás de mim começou a berrar junto (viva la revolución!) porque ela tinha perdido o voo dela com o marido e dois filhos porque ficaram presos horas no controle de segurança por causa de itens de alimentação dos filhos. Enfim, em 2 segundos eu consegui pagar e quando fui pro controle de passaportes, outra vez,só uma pessoa atendendo e uma argentina louca brigando com a atendente (que tinha um mega piercing no nariz – nunca se veria isso no Brasil) porque ela era argentina e sempre viaja com a identidade argentina, sem o passaporte quando está com o namorado espanhol. Aham, Cláudia, senta lá. Sei que já tava vendo as duas quase saindo no tapa e meu voo indo embora. Claro que me meti mais uma vez no meio e falei: “meu voo sai em 15 minutos, preciso só do seu carimbo, depois vocês se entendem.” e isso já enfiando meu papel na mão da atendente. Passei pelo controle de segurança e a mulher queria que eu tirasse até o meu BRINCO. Enfim, quase pelada, lá fui eu. E ok, corri feito louca e, apesar de ter chegado com quase 2 horas de antecedência para a partida do avião, fui uma das últimas a embarcar. :-/ Mas foi bom porque peguei um lugar na frente e fui a segunda a deixar o avião. Sentei numa fila com um casal de brasileiros que estava ao lado de outros 3 brasileiros. Fora mais uns 4 que entraram falando lá pro fundo. (Melhor coisa foi o comentário de um deles quando já estavam, sei lá, no terceiro anúncio das bugigangas que eles vendem no avião: “Porra,eles só não vendem a mãe aqui”. Pois é. Ryanair é uó.) Já pensei logo: se tem um acidente com esse voo, a imprensa brasileira vai fazer a festa. É pauta pra uns 3 domingos no Fantástico. Mas, obviamente, nada aconteceu e eu saí rapidinho do avião. Para outra fila escrotérrima no controle de imigração DE NOVO na Inglaterra. Eu achava que como eu já tinha entrado no país antes e o visto valia 6 meses,eu poderia entrar e sair nesses seis meses sem passar pelo controle de novo.Qual nada. Era uma caceta de uma fila gigante e UMA pessoa pra atender. E a clássica divisão entre cidadãos europeus e não europeus. Imagina, né? Um monte de chicanos contando histórias tristes, orientais com aquela cara de resignação na fila e eu puta da minha vida porque só tinha 3 pessoas quando eu cheguei na minha frente e eu já estava há MEIA HORA esperando e minhas malas lá naquela esteira rodando e girando e cantando a canção completamente abandonadas. Sério, tava mais bolada com minhas malas largadas na esteira do que se o cara ia me deixar entrar ou não. Enfim, milhões de perguntas e aquela clássica olhadinha de cima a baixo depois do “Braziliaaaaaan. Are you travelling alone today?” consegui entrar nesse raio desse país pentelho e pegar minhas malas, que estava com mais outras 3 rodando sozinhas na esteira. Foi o tempo de eu pegá-las, colocar no carrinho e um funcionário do aeroporto começou a tirar todas as malas e colocar num carrinho especial deles pra levar sei lá pra onde. Sério, nem imagino o escândalo que eu ia fazer se eu saio e não acho minha mala ali porque não tinha policial suficiente pra fazer piadinha de duplo sentido comigo e me dar uma porra de um carimbo no passaporte. (sei que esse texto tá confuso, mas eu tô com sono. It is the best I can do now.) Enfim, tudo ok, fui pegar o trem pra Brighton, que, pelo menos isso, estava na plataforma 2 minutos depois que eu cheguei. Fui de novo passar só essa noite na casa do Michael e Chris. Deu até peninha deles, todos amáveis e eu xingando essa política imigratória do país deles dois segundos depois de dar boa noite. Mas, sério, gente. E essa fama que brasileira tem de puta? Fico com tanto ódio quando nego dá essa olhadinha pra mim depois que eu digo que sou brasileira. Dá vontade de mandar logo um “È muito caro pra você, não adianta nem olhar não, que você nunca vai poder pagar”. Que inferno. Enfim, voltando ao assunto. Depois de muito xingar como um excelente agradecimento pelas boas-vindas, Michael e eu fomos comer um hamburguer numa loja perto da casa deles (Chris ficou em casa trabalhando -no sábado à noite). Voltamos, eu fiquei um pouco na internet espairecendo o ódio e dormi.
E preciso nem dizer que o tempo aqui estava uma merda,né? Nublado, ventando pra cacete e sensação térmica de 10 graus. E eu passando por puta na fronteira pra ficar nessa geladeira por mais um mês. Ah, tô de mau humor mesmo.


Dia 61

30maio11

chocolate con porras

Chocolate con porras


Choveu e choveu em Madrid. Acabamos saindo um pouco mais tarde do que o habitual. Fomos a Plaza del Sol para ir na Sephora tentar achar umas encomendas que minha irmã me fez (não sei se tem Sephora na INglaterra, mas não me lembro de ter visto em Brighton, então era a última chance), mas não achei. A praça estava lotada ainda. A Bruna acha que o protesto já perdeu a força e eu concordo. Mas ainda assim ver todas aquelas barracas e pessoas acampadas na preça é uma coisa que nunca aconteceria no Brasil. Depois fomos imprimir meu cartão de embarque para a Inglaterra e fomos para o Museo del Prado porque queríamos chegar depois das 18h, que é de graça. Mas, porém, entretanto, contudo, todavia, fiz a graciosidade de esquecer meu pen drive no lugar onde imprimir o cartão de embarque, lá na Plaza del Sol. Juro que se só tivessem coisas inúteis lá,eu tinha deixado o pen drive pra trás pra ir no museu. Mas lá estava absolutamente todo o meu back up de fotos da viagem. Aí voltamos e me resignei a perder o museu. Em compensação, fomos numa chocolateria super tradicional (aaaah, esqueci o nome, mas está nas fotos. San Gines, o nome – colei) para tomar chocolate con porras. Sim, pode rir. O nome é esse mesmo. E eu adorei. O chocolate é super cremoso, parece uma calda de chocolate. E as porras, bem, são uns churros super nutridos, mas salgados e gordurosos. E você come molhando a porra no chocolate. Preciso nem dizer que o chocolate foi o melhor do mundo e o chocolate con porras conquistou meu coração. Se um dia eu voltar a Madrid, primeira coisa que vou fazer vai ser ir nessa chocolateria comer chocolate e porras.
Bom, depois disso fomos a um shopping para comprar o Inneóv (que custa uma pequena fortuna no Brasil e minha dermatologista me indicou mas aqui custa menos da metade do preço) e otras cositas. E em verdade vos digo: shopping é shopping em qualquer lugar do mundo. Reduto da classe média mal educada e adolescentes paquerando numa praça de alimentação extremamente barulhenta.
Voltamos pra casa e eu acabei deixando pra arrumar as malas depois porque estava com preguiça, meu senhores. Afinal, essa seria nada mais nada menos do que a 4ª mala que faria em 2 semanas. E essa era das grandes.


Trilha de Paris

27maio11

Graças às habilidades internéticas da Bruna, eu sei quais foram as músicas que mais ouvimos em Paris, na rádio. Então, créditos dados, vamos aos dois hits de Paris. :-)

Vamos ver se agora ele pula linha. (ok, brigando com o wordpress.)


Dois meses

27maio11

Ontem fez dois meses que saí do Rio. Não percebi. Só percebi hoje quando vim escrever aqui e coloquei “dia 60”. Em dois meses muitas coisas mudaram e outras nem tanto. Mas não vou fazer um post enorme falando sobre isso porque acho que esse tipo de “balanço” é mais válido ao final da viagem. Mas não queria deixar passar batido esse estranhamento de que os dois últimos meses pareceram apenas duas semanas.


Acabei me atrasando toda nos posts e agora vou fazer um apanhadão dos últimos dias de Paris. Porque estou em Madrid e está chovendo e eu tô com preguiça de sair na chuva. Mas ainda quero ir ao Museu do Prado hoje. Veremos.

Dia 58

Shakespeare and Company

Um dos melhores lugares de Paris

Fizemos um dia mais livre. Andamos bastante a pé. Passeamos um pouco pelo Quartier Latin, fomos na Shakespeare and Company (amei a livraria. Coisa mais fofa. Livros e mais livros – todos em inglês. Pessoas falando em inglês. Achei engraçado e me senti um pouco de volta à Inglaterra lá dentro. E, claro, minha primeira lembrança quando dei de cara com a livraria foi o Antes do pôr-do-sol). Depois fomos almoçar nas margens do Sena. Levamos uns ingredientes e fizemos sanduíche. Foi bem legal almoçar lá. Continuamos nossas andanças e fomos ver o Deux Magots. Em frente ao café tem uma igreja e dentro dessa igreja estava tendo uma exposição (!!!) de fotografias. O assunto básico das fotos era a praça onde ficam a igreja e o Deux Magots. Mas tinha, em frente, a um dos quadros da via crucis, uma fotografia com yin-yang no meio. Enfim, na outra igreja (acho que foi no Marais) tinha uma espécie de bar dentro. Então, né? Tudo vale. Cerveja, yin-yang…. Depois resolvemos sentar num café e brincar de francesas. Tomando café (a Bruna) e chocolate (eu) e fumando um cigarrinho. Diliça. Parece que ninguém trabalha em Paris. Os cafés estão sempre cheios de gente que fica lá sentada por hooooras sem se incomodar de ter um estranho quase sentado no seu colo. Não lembro se já falei isso aqui, mas todas as cadeiras são sempre viradas pra rua. Pra quem senta poder ficar olhando mesmo pra rua. Essa coisa de bater papo olhando pro interlocutor não rola. É todo mundo um do lado do outro e espremido mesmo. Se alguém quer ir no banheiro tem que pedir pra umas 3 pessoas levantarem. :-p
Bom, depois dessa pausa (boa para descançar) fomos para o Instituto do Mundo Árabe, mas já estava fechado, infelizmente. O prédio era bem bonito por fora e resolvemos voltar no dia seguinte. Andamos até a Bastilha (perto de casa) e pegamos o metrô até Oberkampf. É um bairro “menos nobre” (por falta de expressão mais adequada). Mas gostei bastante da atmosfera. Pena que ainda estava de dia (apesar de já ser noite. Quer dizer, estava claro, mas já eram umas 20h), porque eu acho que de noite aquilo lá deve virar uma Lapa bastante melhorada – e é a fama que tem. O lugar a que nós [iamos estava fechado justamente e somente naquele dia (para obras, se não me engano). Acabamos resolvendo ir jantar em casa mesmo, porque o cansaço era grande.

Dia 59

café

No café

Outro dia sem um roteiro muito fechado ou clássico. Voltamos na Shakespeare and Company (no outro dia só tinha ficado no primeiro andar. Aí subimos e vi que a livraria é muito muito melhor que eu pensava. Em cima tem umas partezinhas bonitinhas em que as pessoas deixam bilhetinhos e algumas pessoas colocam suas fotos. Enfim, uma delícia a livraria. Só ficava pensando em como é absurdo que não tenha um lugar ao menos similar no Rio…). Depois fomos ao Instituto Mundo Árabe e conseguimos entrar. É muito bonito tudo lá dentro. O prédio é bonito. A livraria parece ter bastante coisas interessantes, mas a única parte em inglês não tinha nada de muito atrativo para mim. Em compensação todas as louças e cadernos da lojinha eram maravilhosos. Tive que me segurar pra não comprar nada. Porque caderninhos eu não tenho usado mesmo. E as louças, melhor nem arriscar pra não chegar tudo em pedaços no Rio, né? Enfim. De lá fomos para Montparnasse. Não, não entramos no cemitério. Não tenho o menor fascínio por entrar em cemitérios. Já fui a cemitérios o suficiente na minha vida e não pretendo tão cedo ter que entrar em algum outra vez. Enfim, o bairro de Montparnasse é super chique, mas muito calminho… (aquela que é viciada no fervo). Caminhamos por uma rua que esqueci o nome (graças à Bruna, agora eu sei: Rua Daguerre). Almoçamos e sentamos num café (se não me engano Café Daguerre mesmo) para praticar o esporte nacional de observar pessoas passando pela rua. Depois fomos ao Louvre. O Louvre é enorme. Tem umas partes que achei meio toscas, confesso. Mas o todo é realmente muito bonito. Muitas obras importantes. Foi bem legal conhecer o museu. Depois voltamos para casa. Esqueci de comentar antes, mas o proprietário do ap tinha deixado pra nós uma garrafa de espumante rosé na porta dia desses. A Bruna não gosta muito, então eu fiquei encarregada de dar fim a quase a garrafa inteira. Resultado. Queria mais. Mas só tinha o mesmo maldito licor de chocolate em casa. Depois de alguns momentos de reflexão, acabamos indo na rua catar álcool. E aqui preciso registrar minha profunda admiração e amizade pela Bruna. Que aturou a pessoa aqui falando hooooooras a fio depois de espumante rosé e licor de chocolate. E ainda teve a força de sair de casa (e o pior subir aquela escada interminável), mesmo já estando de pijama, para procurar bebíveis comigo. Eram duas da manhã e aí sim nós vimos a verdadeira face de Paris. Várias vozes vindo de apartamentos com festinhas. Mas nem UM bar ou vendinha ou mercado ou qualquer coisa aberta para vender bebida. Sério, gente. Até no Rio eu acho um lugar para comprar bebida às 2 da manhã de quarta. E para os afortunados que moram na zona sul (não será mais o meu caso quando voltar para o Rio) ainda tem delivery de bebida. (Opa, claro, agora acabou de cair minha ficha de que morando na Tijuca não terei mais essa mordomia. Deprimi seriamente agora, enfim. Tenho que pensar que morar na Tijuca é como morar no Marais. Depois das 2 da manhã, não tem delivery. E não é um bairro onde uma mocinha vá sair sozinha na madrugada pela rua. Então é só na base do estoque caseiro, mesmo). Enfim, foi triste descobrir a face tijucana de Paris. Mas foi lindo descobrir que a Bruna é brasileira, não desiste nunca e é uma amiga que sobe. :-p

Dia 60
Não tem foto. Dia de voltar para Madrid. O voo até que foi tranquilo. Mas como todo low cost é uma encheção de saco sem fim. Juro pra vocês que aprendi uma coisa: a low cost é o seu inimigo. Toda vez que você for voar por uma low cost você tem que se cercar de todos os cuidados possíveis e imagináveis e virar um paranoico com todas as coisas ruins que são possíveis de te acontecer e vão acontecer se você não tomar cuidado. É medida de mala, é peso de mala, é horário de voo, é taxa de check-in. Gente, é uma aporrinhação. Mas não dá pra gastar 600 euros num voo interno, é ridículo. E lá vamos nós para a guerrilha aérea. Enfim. A Ryanair, então, é a mais pentelha de todas. Porque além de ser cheia de merdinhas ainda fica fazendo do voo o trem da Central. Sério, não dá nem pra dormir ou relaxar durante o voo. Toda hora passa um comissário vendendo coisa enquanto outro anuncia alguma outra coisa berrando no alto-falante. Sério. É fueda. Mas entre mortos e feridos salvaram-se todos e chegamos bem a Madrid. Para quem tinha a chance de nem chegar por causa do vulcão, foi lucro.


Dia 57

24maio11

torre

Torre do Sena


Fomos a Galeries Lafayette e andamos um bocado por aquela região da Ópera. Preciso nem dizer que a Galerias Pacífico de Buenos Aires tem a quem puxar, né? Passamos também por uma igreja perto dalí (esqueci o nome – Madeleine, talvez) e era outra que tinha uma “réplica” em Buenos Aires, a catedral mesmo, no centro. E fiz a festa na Sephora. A vendedora foi super atenciosa. Vendo que meu francês era totalmente selvagem, ela se ofereceu para se comunicar comigo no ingl~es selvagem dela. E ofereceu várias amostras grátis antes mesmo de eu decidir o que comprar. Depois quando fui pro caixa, a caixa perguntou de onde éramos e começou a falar com a gente em português selvagem de Portugal. E deu vários brindes “para vós”. Um dos brindes veio a me salvar seriamente:uma bolsa de plástico dessas tipo de levar pra praia. É que eu,além das coisas que comprei, estava com meu sobretudo (trauma porque no fim do dia anterior passei frio no Jardim de Luxemburgo e não queria sofrer de novo). Essa bolsa brinde salvou minha vida. Entoquei tudo lá e segui adiante. Aí você, it giril, fã de maquiagem, perfume, cosméticos em geral, vai na MAC. Me diz quando você vai ser atendida com um sorriso no rosto, atenção e presentinhos na MAC? Nunca. E em lugar algum. Nas poucas vezes que entrei na MAC (na maioria das vezes para comprar presentes) fui mal atendida. Os vendedores parecem que estão te fazendo um imenso favor em te vender alguma coisa que vai aumentar o salário deles no fim do mês. E isso em qualquer país. Parece que vc entra na loja e eles já pensam: “Ai, que saco essa mulher aqui, justo na hora que eu tava doido pra ir ali bater um papinho”. Enfim. Me orgulho de dizer que não tenho nada da MAC e nunca terei. Atendimento porco e preços caros. Não levam um real, um euro, um dólar ou um pound meu. Jamais. Fomos também em duas lojas de produtos alimentícios (aqui alguém me mata, são iguarias finas – uma foi a Maille e a outra, a Fauchon. Ambas, mas especialmente a Fauchon pareciam lojas de cosméticos. Impressionante como são as embalagens, a organização e a estética da loja e dos produtos) e na Fnac.
Almoçamos no Quick, que é uma rede de fast food francesa. Eu gostei bastante. Não dá tanto aquela sensação de que você está se enchendo de gordura e entupindo suas artérias (apesar de estar, fast food é fast food).
Depois fomos fazer o turismo true: Tuileries (cheio do pó branco voador), Champs-Élysées, Arco do Triunfo. Na Champs-Élysées, ainda paramos um pouquinho para descansar numas mesinhas e eu aproveitei para escrever uns postais atrasados que vou mandar daqui assim que achar um correio.
Depois fomos ao Trocadéro e para a Torre. Minha primeira sensação com a torre foi: ela é marrom. Sempre achei que era um cinza-prateado. Mas não, ela é marrom, senhoras e senhores. A fila para subir estava gigante e já era o fim do dia. Como já tínhamos visto a cidade de cima na Sacre Coeur e estávamos cansadas resolvemos empenhar os euros da subida num passeio de barco pelo Sena. Um barco no Sena, com aquela luz de fim de tarde, casais nas margens bebendo e namorando. Paris é uma cidade romântica,sim. E dessa vez a Bruna concordou. :-) A cena ridícula fica por conta de nós duas no celular digitando e a moça árabe que trabalhava no barco, dando uma zoada básica na gente. Algo do tipo “só no sms, hein!?”. Como não entrei em nehuma loja da MAC aqui, digo e repito: sempre fui muito bem atendida aqui. Todos foram sempre simpáticos.
(mais uma vez várias pessoas nos abordaram falando italiano. E vimos trocentos mil brasileiros em todos esses pontos turísticos)
Descemos na parada do Louvre, uma antes da final porque a final era no Champs-Élysées, que já tínhamos visitado e o Louvre era mais perto de casa. Apenas demos uma olhada por fora, proque vamos entrar só na quarta, que é o dia mais barato. E acho que valeu mais a pena empenhar nossos euros no passeio de barco do que na torre. É uma vista da cidade de um ângulo diferente. Enfim, viemos pra casa e ficamos acompanhando nosso amiguinho, o vulcão da Islândia. Diziam que a Escócia fecharia o espaço aéreo em breve. Enfim, muito provavelmente meu voo para Londres não vai rolar… Já tô até começando a me resignar. Mas contato que a gente consiga sair da França na quinta já estou no lucro.
Agora, outra vez, a brasileirona aqui está toda vermelha, com marca de blusa e óculos escuros. Ridículo. Fiquei economizando no protetor solar porque ele me deixa com a cara toda brilhosa, grudada e nojenta. E é um protetor da Nívea, especial para o rosto. Ou seja. Acabei me fodendo e agora estou aqui, pela segunda vez na viagem, pagando de gringa na terra dos gringos. A pessoa sai do Brasil branca azeda, vai pra Europa e vai voltar bronzeada. Ridículo. Mas, that’s how I roll.
E, bom, estou satisfeita também porque nesse momento acabo de conseguir atualizar 100% o blog. Hoje à noite terá sido o dia 58 e vou postá-lo antes de dormir. FInalmente consegui tirar o atraso. A seguir, cenas do próximo capítulo.


Dia 56

23maio11

mercado

Feira das cores na Bastilha


Fomos ao mercado que tem na Praça da Bastilha. É um mercado que é uma mistura de feira de alimentos (frutas, legumes, verduras, peixes, frango assado, ovos, queijos etc) e feira de artesanato (bugigangas em geral, dvds, jornais e revistas antigos, roupas, bijuterias etc). Achei ótimo. É bem colorido e tem várias barracas árabes também. Vários momentos em que feirantes cantavam músicas árabes. Gostei bastante da feira. Comprei algumas coisinhas bem baratinhas, compramos azeitonas kalamatas (que nunca tinha provado e adorei) e frango pro almoço. No caminho de volta, estávamos falando sobre vegetarianismo e eu falando com a Bruna algo sobre comer mato e dois árabes passaram por nós repetindo “mato”, “mato”,olhando e um deles quase enfiou um morango na minha boca. Sim, isso é flerte. hahaha Mas foi engraçadinho. Eu que não tô com jeito de contar porque tô com sono agora. Mas enfim, na barraca de ímãs o cara perguntou pra Bruna se ela era italiana. E pra mim se eu era árabe. Gente, EU, árabe. Não orna, né? Vendo a negativa, veio a pergunta se eu era da China. Realmente. Árabia, China. Tudo a ver. Enfim. Mas é engraçado ver que ninguém nunca acerta minha nacionalidade. E ninguém consegue identificar o nosso idioma. Muitos vendedores nos abordam falando italiano, achando que o que nós falamos é italiano. Conversamos sobre isso e, realmente, parece que as pessoas não conseguem identificar o idioma português facilmente. Falta de contato, com certeza. É como a dificuldade que eu, e muita gente tem, para identificar os idiomas do leste europeu. São tantos e temos tão pouco contato que é difícil mesmo saber qual é qual só ouvindo a pessoa passar na rua. Mas nós, que sabemos identificar o idioma português como ninguém, temos visto muuuuuitos brasileiros em Paris. É disparada a cidade com mais brasileiros turistando. Fora isso, outra observação é ver que isso sim é uma cidade turística. E mesmo Madrid que não é assim, uma cidade propriamente voltada para isso, a coisa é séria. A gente fica achando que o Rio é uma cidade turística, mas não se vê, nem em locais como o Pão de Açúcar e o Corcovado, a quantidade de turistas que se vê aqui (ou em outras cidades na Europa,como Madrid, que é menos turística – opa, tô me repetindo, viva o sono!). Não se vê essa quantidade de lojas de souvenir, produtos da cidade. Enfim, ainda temos muito o que aprender no quesito como capitalizar com o turismo. Eles são profissionais, não só aqui como nas outras cidades que visitei.
Voltamos pra casa (cinco andares e porta pesadíssima depois – seremos magras ao fim da viagem), almoçamos e saímos em seguida.
Fomos ao Pigalle, vimos o Moulin Rouge e subimos para Montmartre e Sacre Coeur. O bairro de Montmartre é mesmo muito bonito. As ruas charmosas, cafés… Várias lojinhas tão bonitinhas. Vimos também uma feira de antiguidades. Enfim, uma espécie de Santa Teresa (como observou a Bruna) muito muito melhorada, mais charmosa e muito mais limpa. A igreja de Sacre Coeur é muito bonita tanto por fora quanto por dentro. E a vista dalí é muito bonita. Paris é bonita até do alto e bem branquinha. A experiência de entrar na igreja foi um pouco estranha porque estava tocando música sacra e ao mesmo tempo a igreja lotadíssima de pessoas passando por lá. Era um clima meio estranho. Muito discrepante. Mas foi bom ter ido lá. E quantas escadas, né? Sério, é muita escada nessa cidade. Por isso que francês é magro.
Em seguida fomos à Catedral de Notre Dame. Que é lindíssima por fora. Mas por dentro ficou devendo aquela sensação de “oooh”. Por fora é muitíssimo mais bonita que por dentro. Aproveitamos e fomos ao Jardim de Luxemburgo para descansar. Foi ótimo.Sentamos e ficamos um bocado lá aproveitando o final do sol e jogando conversa fora. O jardim é bonito, mas sinceramente, essa mania de eles colocarem essa terra branca (que não é areia) nos lugares, tanto jardins, quanto canteiros nas ruas por exemplo é uma mierda. Porque venta bastante aqui. E aí pronto.Tempestade no deserto toda hora. Vem uma poeirada na cara e nos pés… Saí do jardim com minha sandália branca (e era preta).Fora o que o meu cabelo ficou embaraçado. E,bom, se eu achava que em Brighton e nas outras cidades que visitei o tempo era seco e a água muito cheia de calcário, retiro o que disse. Todas as outras cidades são ótimas. Paris é que é o deserto do calcário. Nunca minha pele ficou tão ressecada. MInhas mãos, meus pés e meu rosto repuxam o tempo todo. E por causa da palhaçada de que não pode nada com mais de 100ml nos voo, nao trouxe meu hidratante. Claro,já deveria ter comprado outro. Mas tenho um pote cheio em Madrid e outro em Brighton. Sério, me recuso a comprar mais hidrantante. Na hora em que estiver insuportável eu compro. E está à beira de. Aviso logo.
Quando voltamos pra casa, ainda tivemos a bela notícia sobre o vulcão na Islândia. Começamos a ver preços de passagens de trem e ônibus para a Espanha, porque nós precisamos sair daqui na quinta. Tudo super caro. O ônibus, que é o mais barato, leva 16 horas e ainda assim é caro. Não temos muito o que fazer quanto a isso, se não esperar. E torcer. Porque nosso voo para Madrid é quinta no fim da tarde. E meu voo para Londres é no sábado de tarde. Por mim a Islândia podia ser riscada do mapa. Toda hora atrapalhando a vida das pessoas com esses vulcões. Eu também nem gosto mais de Björk. Já deu o que tinha que dar esse país. Haja encheção de saco.
Tô achando que esse post ficou meio mal humorado, mas eu tô morrendo de sono e cansaço agora. É por isso, relevem. Continuo amando Paris e achando a cidade mais bonita e mais romântica e mais clichê (no bom sentido) que visitei até agora. :-)


Dia 55

23maio11

paris

Clichê parisiense


Acordamos com uma leve ressaquinha e por isso pegamos leve no decorrer do dia. Andamos um pouco pelo Marais e almoçamos um crepe. O garçom era muito simpático, mas tinha uma carinha de coitadinho. Toda hora lembro dele, morro de pena. Depois fomos ao mercado comprar suprimentos alimentícios (comer e beber, principalmente, fora nessa cidade é absurdamente caro. Uma Coca-Cola a 4 euros é a média, para que se tenha noção). Voltamos para o nosso roof parisiense, com sacolas, cinco andares depois. Mas com a satisfação da economia feita. Guardamos as compras e saímos de novo para uma voltinha a mais no Marais e também em Les Halles. Os bairro são bem bonitinhos, cheio de cafés e lojinhas estilosas. A arquitetura é muito bonita. Les Halles estava mais muvucado e parece mais “central”. E devo dizer que tudo que se diz sobre Paris é verdade. Tudo que se mostra nos filmes sobre a cidade é verdade. Paris é um grande clichê. Os cafés são apinhados de gente (todos sentados praticamente nos colos uns dos outros – as mesinhas são pequenininhas e todos querem sentar de frente pra rua, então ficam todos lado a lado grudados. Como não sentem claustrofobia?) sentada nas calçadas. A maioria, sim, fumando. Pessoas passam com baguetes debaixo do braço (nós mesmas fizemos isso, quando compramos nosso pão na volta pra casa). A arquitetura, o ar blasé das pessoas. O idioma francês é lindo. E a cidade é (sei que Bruna não concorda comigo) romântica. Paris não é só uma festa, como é também um grande clichê de si mesma. Parece que os parisienses fazem questão de não contrariar a expectativa reinante.
Outra coisa que já ia esquecendo. Quando fui comprar um macarron em Les Halles, o atendente perguntou na maior cara dura se eu e Bruna éramos casadas. hahaha. Claro que rimos da situação,afinal, essa é uma fama que nos persegue desde os primórdios da vida, na faculdade de Letras da UFRJ. Mas muito sem noção o carinha. Que falava português, e pra mim era brasileiro. Mas a Bruna achou que era francês porque tinha um leve sotaque. Ficamos sem saber de onde ele era, mas tivemos a certeza da sem-noçãozice de cara. Para arrematar, ainda perguntou se a Bruna era canadense. Ou seja, né?
Enfim, depois da andança,morta de cansadas sucumbimos a nossa comidinha caseira e cama.


Dia 54

22maio11

roof

Fazendo a festa nos roofs parisienses. Vista da janela do ap. :-)


Acordamos e fomos para o consulado do Brasil porque a Bruna tinha que resolver algumas burocracias lá. Aquilo lá foi a visão do inferno. Todos os piores tipos de brasileiros reunidos. E um grupinho lindo de “adevogados” brasileiros que moravam na Espanha tentando resolver suas pendências e cantando de galo entre si. Sério. Oh, racinha. Foi um show de horrores o consulado. Mas foi rápido, então nem doeu tanto.
(o que doeu mesmo e eu tinha esquecido de contar foi no dia 53, quando pegamos o ônibus da faculdade para casa. O ônibus estava lotado e todo fechado, completamente abafado, porque, né?, tá friozinho, por que abrir as janelas mesmo com o ônibus lotado?. Conseguimos lugar no último banco. E aí senta um cara de dread na nossa frente. Mas não eram apenas dreads, eram dead locks NOJENTOS. Sério. O troço fedia, os rolos eram achatados e tinham uns que ainda tinham umas multipontas no final, tipo mão de feto quando ainda está de desenvolvendo. Sério. Coisa mais asquerosa que já vi na vida. Chegamos a cogitar mudar de lugar no ônibus, mas estava tão lotado que resolvemos ficar. Isso, sim, doeu. E por mais que eu conte aqui, nunca vocês vão entender a dimensão da asquerosidade desses dreads.)
Voltando ao assunto.
De lá fomos ao aeroporto. E lá, mais uma vez foi o caos. Se a Easyjet já tinha fodido minha vida um bocado na ida de Berlin para Madrid, agora foi a Ryanair que resolveu me foder de Madrid para Paris. Enfrentamos filas e na hora de embarcar os putos resolveram implicar com minha mala e pedir pra eu colocar a mala naquele medidor ridiculamente pequeno que eles têm lá. Nunca imaginei que minnha mala não fosse caber ali, porque no da Easyjet ele coube aquele dia. Mas ela não coube. E não foi porque estava cheia, porque não estava, era porque aquela merda de medidor é ridiculamente pequena. Muito menor que o da Easyjet e muito menor ainda que o bagageiro de dentro do avião. Ou seja, é feito pra pegar trouxa e fazer as pessoas acharem que o voo é low cost, mas no fundo é low cost porra nenhuma porque eles sempre dão um jeitinho de te tirar um dinheiro a mais. Aliás, sério. TIve problemas com a Iberia (outra coisa que não contei: liguei pra eles para alterar a data e a cidade do meu voo de volta pro Brasil e eles disseram que só podia alterar a data. Paguei, fiz a alteração de data. Mas claro que era um absurdo não poder mudar a cidade também. Liguei de novo e me cobraram outra taxa para trocar de cidade. Ah, pra quê? Reclamei no balcão, no aeroporto de Barcelona, reclamei pelo site e nada. O que eu fiz? Fui xingar muito no Twitter. E adivinhe? Depois de um tempinho de espera, o Twitter deles não só respondeu, como resolveu a situação), tive problemas com a Easyjet. Mas os mais descarados são de longe a Ryanair. Além de eles fazerem aquele medidor de bagagens nitidamente microscópico de sacanagem, eles ainda passam a viagem inteira enchendo seu saco vendendo coisas. Você se sente num trem da Central. Pior que ainda tenho mais dois voos com eles. Mas juro: serão os últimos. Nunca mais. Nem que seja 1 euro a passagem. Sério. Muita aporrinhação e má fé mesmo. Enfim, depois de fazer maaaais um barraco (dessa vez em inglês e em espanhol, com direito a palavrões em português), chegamos a Paris.
Nos perdemos um pouco para achar o apartamento que alugamos. Duas pessoas deram indicações erradas e eu fiquei bastante tensa com umas pessoas estranhas andando perto da gente desde dentro do banco (eu parei pra tirar dinheiro para pagar minha parte no aluguel do ap). Memória afetiva carioca, né? Pessoa estranha perto do banco = assaltante. Passamos pelaÓpera e tinha umgrupo de manifestantes do 15M protestando. Enfim, chegamos no ap e adoramos. O ap é lindo. Fica no Marais, perto da Bastille. Todo decoradinho, pequeninho, mas com espaço super bem aproveitado e com uma vista super charmosa para os telhados franceses. O dono do ap também foi super simpático. E nos apresentou seu “aperitivo francês”. Que era muito bom, mas deveríamos tomar cuidado porque era muito forte e deixava as pessoas bêbadas rápido. O único senão do ap é que ele fica num quinto andar que é quase sétimo de tanta escada (e o chuveiro é super apertado – dois senões, então). E, não, não tem elevador. Por isso os franceses são magros. As portas do prédio são pesadíssimas e não tem elevador no prédio e não tem escada rolante em quase nenhuma estação do metrô. Exercício sempre. Genética nada. Exercício físico forçado é o que faz esse povo ser esbelto. Ate o bonequinho dos sinais de trânsito são mais magrinhos que os habituais.
Enfim. Fomos a uma mercearia árabe perto do ap (única opção dado o horário) e comrpamos algumas coisas pra jantar, incluindo um vinho. Jantamos, bebemos o vinho e entramos no aperitivo. Tinha um quarto, quase metade da garrafa. Nem preciso dizer que ela se acabou junto com o vinho. E quando estávamos quase entrando no licor de chocolate (credo!) nos demos conta de que era melhor parar porque já estava amanhecendo. Ou seja, minha primeira noite em Paris foi um perfeito girls night in. Rimos muito, falamos muito, tocamos o terror nesses vizinhos franceses. :-p


manifestação

Manifestação na Plaza del Sol


Dureza lembrar de todos esses dias com a acuidade necessária para o blog. Mas como acabei de falar com a Bruna, isso é um bom sinal. O fato de eu ter ficado tanto tempo sem escrever no blog significa que eu estava sem tempo para isso. O que, por sua vez, significa que eu estou gastando meu tempo mais fora do que dentro da internet. E considerando que isso é uma viagem, isso é muito bom. Enfim, vamos lá. Vou dar uma olhada nas fotos que tirei desses dias e tentar reconstituir os fatos.

Dia 50
Nossa intenção era ver o filme novo do Woody Allen, “Midnight in Paris”, antes de ir para Paris. Fomos almoçar no Vips e descobrimos um cinema que tinha uma sessão às 16h. Mas acabamos nos atrasando e resolvemos ir para a sessão de 18:30. Ficamos andando pela cidade e paramos no Templo de Debod para fazer uma hora. Como sempre, Madrid estava com um tempo bem seco. Mas bem menos calor do que nos outros dias. Chegamos para a sessão às 18:20. E qual não foi nossa surpresa quando descobrimos que a sessão era às 18h? :-( O Google tinha nos enganado. Bom, aí resolvemos andar mais um pouco pela Gran Via, até a hora da sessão seguinte, às 20h. Somos brasileiras, não desistimos nunca e, finalmente, pegamos a sessão das 20h. Quando entramos na sala aquela surpresa: era tudo completamente bizarro. A sala era comprida, a tela pequena, as poltronas eram nas laterais e o corredor para as pessoas circularem no meio da sala (o melhor lugar, centralizado na tela, não tinha poltronas, era corredor) e as cadeiras eram fundas e o chão era reto (não era tipo estádio,com o fundo mais alto). Ou seja, foi uma missão achar um lugar viável pra assistir ao filme. Mas, entre mortos e feridos salvaram-se todos. A sala ficou cheia, mas conseguimos ver bem o filme (com o áudio original em inglês e as legendas em espanhol). Eu gostei, pero no mucho. É meio bobo o filme e didático demais (a moral da história é: você sempre está insatisfeito com o tempo em que vive). Mas Paris foi retratada de uma forma bonita e não-clichê. Além de ter alguns momentos engraçados. Eu esperava mais, mas ainda assim, saí bastante satisfeita da sessão. Quando demos de cara com a rua, quase 22h ainda estava anoitecendo. E eu levei um super susto, claro. Depois fomos para casa e comemos a super paella que o Santiago fez. Até eu que não como frutos do mar, comi e gostei. (claro que catei os frutos do mar, mas só o arroz com o gosto estava ótimo)

Dia 51
Andamos bastante pela área da Plaza del Sol e Malasaña. Na Plaza del Sol os protestos do grupo 15-M estavam começando a se intensificar. A área da Malasaña tem várias lojas bem legais, tanto de roupas,como sapatos e cosméticos. fomos numa H&M maravilhosa que é dentro de um antigo teatro, na Gran Via Conforme a noite foi caindo fomos começar nossa noche de tapas. Fomos ao Los 100 Montaditos. Adorei! São 100 tipos de mini-sanduíches diferentes a um preço módico. E o mais incrível: um pint de cerveja por um euro. Inglaterra, corroa-se de inveja. Depois mudamos de bar e fomos comer patatas bravas e croquetes. Não gostei do molho das batatas e os croquetes estavam terríveis. Não se ganha todos os dias, não é mesmo? Mas depois de tantas comidas boas na Espanha, um bar de má comida é aceitável. Fomos depois ainda para outro bar (o que fomos com o Santiago) na quinta para tomar a saideira antes de o metrô fechar. Voltamos para casa 1:30 e as pessoas ainda estavam (em grande número) acampadas na Plaza del Sol.

Dia 52
Os planos eram almoçar salada, andar, ir ao Museu do Prado e em seguida a uma apresentação de um bailarino de dança Flamenca, Rafael Amargo, num teatro. O problema foi que no restaurante nos demos conta de que o celular da Bruna tinha sido roubado da bolsa. Pick pocket bonito. E provavelmente dentro do restaurante mesmo. :-( Uma merda. Situação super chata. Acabamos perdendo a tarde toda tentando resolver essa situação (fazendo boletim de ocorrência e ligando pra operadora). Um aparte: policiais espanhóis são todos beeeeem gatos. Mas todos também muito engraçadinhos. Na delegacia, tinha um bêbado com um guia de viagem da Índia na mão puxando papo com todo mundo e dizendo: “Me voy a Índia, me voy a Índia” a cada 5 segundos. Imagine. Até a hora que o policial gatinho que nos atendeu fez cara de mau e disse pra ele se comportar porque aquilo era uma delegacia. Ai, ai… :-p Bom, passado (um pouco) o susto e a revolta com a situação estúpida do pick pocket resolvemos ao menos não deixar de ir à apresentação do Rafael Amargo. Valeu bastante a pena. Música flamenca de qualidade. Eram vários outros bailarinos e músicos também. Foi tudo bastante intenso e teve vários números diferentes. Só teve dois de que não gostamos, um que era muito dança contemporanea demais eo outro que era muito sereia do Xingu demais. O resto todo foi ótimo, intenso, passional. Flamenco. España na veia. E o teatro era lindo. Pelos menos o fim do dia se salvou.

Dia 53
A Bruna foi para a aula e eu fui fazer aloka e resolvi cortar meu cabelo. Por que, meldels? Mulher quando resolve cortar o cabelo é porque tá idiota,né? Pois bem, eu estava completamente idiota, mas me achando a rainha da sanidade. A Bruna me recomendou um salão desses de cadeia (tipo Werner no Rio) que tinha um preço razoável. Lá fui eu. Fui atendida por uma mulher da República Dominicana. Ela foi super simpática (na verdade acho que ela estava meio on drugs, mas tudo bem) e acabou me convencendo de que meu cabelo estava lambido e precisa de algumacoisa diferente (eu sempre achei isso, mas desde que parei de ter cabelo curto e deixei o cabelo crescer nunca mais tive coragem de sair do lambidão comprido). Enfim, depois de muito papo, ela me disse que ia fazer “unas capitas más alegres” no meu cabelo. E eu disse, vai com tudo nas capitas. Pronto. Não preciso nem dizer que ODIEI o corte de cabelo ainda dentro do salão, né? Não ficou curto, claro. Mas ele está em camadas e eu não gosto de corte em camadas, realmente não sei que caralho me deu na cabeça pra deixar a dominicana on drugs fazer isso no meu cabelo. A Bruna disse que gostou do meu cabelo novo. Mas eu, sinceramente, tô achadno uma merda. Enfim, vou postar fotos no facebook em breve. Meu único consolo é que cabelo cresce. E, bom, agora posso dizer que tive uma experiência espanhola completa. Incluindo o corte de cabelo mais clássico do país. Só me faltam as castanholas agora. Olé!
Depois desse fiasco, fui encontrar a Bruna na faculdade dela e fomos pra casa porque tínhamos que arrumar nossas malas rumo a Paris! :-)


gaudí

Parc Güell


Barcelona. Sempre tive vontade de conhecer a Espanha. Barcelona sempre esteve nos planos, mas assumo que desde que assisti “Vicky Cristina Barcelona”, a cidade entrou no meu roteiro de cidades indispensáveis da Europa. E, realmente foi uma das cidades mais bonitas e não deixou nada a desejar. A Espanha, como disse antes, foi o país em que me senti mais “em casa”. O jeito das pessoas é mais próximo do jeito do brasileiro. A latinidade. Mas voltando a Barcelona. Cheguei na sexta, morrendo de cansaço por causa do pilequinho de quinta. Andei um pouco pelos arredores do hotel, que ficava nas Ramblas. E voltei para dormir um pouco. Achei a cidade muito parecida com o Rio de Janeiro. Não a arquitetura, claro. Mas a atmosfera. E foi inevitável me sentir um pouco insegura na cidade. Meio neurótica com bolsa, câmera etc. Depois vim a saber pela Bruna que realmente Barcelona não é lá muito segura. Ou seja, meu “assaltômetro” carioca ainda funciona. Depois que acordei do cochilinho, fui buscar Michael e Chris no aeroporto. Os dois, de cara, já tiveram um choque de espanholidade e brasilidade nagô: tiraram maços de dinheiro para pagar uma água numa birosquinha da Plaza Catalunya e ouviram um histérico “Don’t do it here! Never!” da minha boca. Os olhos arregalados e cara de como assim denunciaram, mais do que a origem britânica, os anos de vida em Brighton. Explicações dadas, eles entenderam e partimos para deixar as malas deles no hotel. Andamos pelas Ramblas de novo e fomos procurar um lugar pra comer. Comemos uns tapas com sangría e cerveja. Outro choque cultural deles: “nossa, quanta comida!” Não era mesmo muita comida, mas para padrões britânicos era um banquete e para padrões brasileiros,completamente normal. Uma das coisas mais legais de Barcelona foi ver eles levando os choques culturais, não eu. :-p Enfim, vou escrever bem resumidinho porque estou muito atrasada com esse blog.
No dia seguinte resolvemos pegar o ônibus do city tour porque só tínhamos um fim de semana na cidade e precisávamos otimizar o tempo. TInha umas manifestações acontecendo na Plaza Catalunya,por causa de alguns cortes que estavam fazendo. Acordamos cedo e visitamos quase todos os lugares que quisemos. Fomos à Sagrada Família, Parc Güell, Barceloneta… Ficou faltando o Museu Picasso que eles queriam visitar (mas como é sabido,eu não sou muito fã e consegui enrolar os dois e não fomos. :-p) e ficou faltando a champanheria que eu queria muito ir. Mas estávamos podres de cansaço e nos resignamos a comer uma pizza com cava perto do hotel, nas Ramblas de novo.
No domingo, acordamos, tomamos café e fomos andar mais pros lados do Bairro Gótico. Achamos uma vendinha e compramos Lambrusco e cerveja pra ficar bebinhos antes do almoço e do aeroporto. :-p Sentamos num lugar que tem um arco,tipo um antigo portão, mas não me lembro o nome agora (por que será?) e passamos um bom tempo lá falando bobagens, olhando as pessoas passarem e ficando alegrinhos até a hora do voo. Fomos pro aeroporto, almoçamos lá e isso foi tudo.
Minhas impressões sobre a cidade foram as melhores. Tirando, claro, a sensação de insegurança que me foi nítida, adorei tudo. A cidade é muito muito bonita. Uma das bonitas, se não a mais bonita que visitei na Europa. As obras do Gaudí são extraordinárias. Fico imaginando como deve ser viver numa cidade tão bonita. Deve ser assim que um turista se sente no Rio, sufocado por tanta beleza, sem saber pra onde olhar, cheio de informações e imaginando como nós, cariocas, fazemos para viver numa cidade tão bonita assim (aquela que de repente virou carioca da gema – mas é um fato, o Rio é lindo). Outra coisa peculiar de Barcelona é o idioma. O catalão é mesmo uma língua muito estranha. Parece um misto de todas as línguas neolatinas: português, espanhol, italiano e francês. Mas todos com quem lidei (até porque estive o tempo todo em áreas turísticas) falavam espanhol. Cardápios,anúncios, placas, tudo é em catalão. Mas em áreas turísticas muita coisa tem tradução pro espanhol ou pro inglês. Voltando para a sensação de insegurança, uma das coisas que pode ter contribuido para isso (além da identificação com o Rio de Janeiro) foi o fato de oferecerem drogas o dia todo para as pessoas na rua. Você passa andando e vem alguém baixinho falar perto de você todas as drogas que estão vendendo. Minha memória afetiva carioca, claro, associa tráfico e violência. Mas, enfim, isso não foi problema nenhum, claro. É só dizer não e seguir adiante. NInguém fica importunando. E,não canso de dizer, a cidade é linda, a obras do Gaudí espalhadas pela cidade são lindas, charmosas… Enfim, fiquei in love com a cidade. :-) Como com toda a Espanha.
E, gente, desculpaí, sei que esse post ficou meio nonsense, corrido. Mas foi o melhor que deu pra fazer com uma semana de atraso, e em Paris.




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